quinta-feira, 27 de agosto de 2009

┼ Poesia : a Tristeza ┼


No segundo sábado do primeiro mês de inverno, meu amigo Yuri Wlastov veio me visitar.
à mesa, ao bailar da luz do candelabro, em uma pausa, lhe questionei:

- Meu caro camarada Wlastov. O que é para você a tristeza?

ao que me respondeu:

- A tristeza, camarada, é a ferida na alma que canta.
é a solidão da tundra de nossa gélida sibéria.
é o adeus do sol no último dia de verão.
é o um navio a se perder na curva do horizonte do mar.
é a queda da casa de Usher.
é o cair do cadafalso.
é o apagar-se do nome no epitáfio.

┼ Poesia : Waleska Arminova ┼


Oh, waleska, tu que ainda dormes o sono dos inocentes, desperta-te, pois já é chegada a hora nona, e tu comigo deverás hoje partir.
A lua rubra no horizonte já de toda se mostra a essa noite escura e solitária. Essa noite que, a partir de hoje, nos será eterna; nela viveremos sempre

juntos; esta noite que agora começa, será nossa casa; será nosso eterno lar.
Esta é a noite dos nossos antepassados, oh, minha doce Waleska. Tu hoje os conhecerás. Tu hoje estarás entre nós, e serás a minha querida debutante nas

festividades de iniciação. Aah, Waleska, tu ordenarás teu próprio poder sedutor. Tu serás desejada pelos homens e amaldiçoada por suas viúvas...
Acorda deste teu sono passageiro e vem comigo viver um sonho de eterno viver. Vem ser rainha entre imortais e deusa entre os mortais.

- Quem és tu que a esta hora, quando já alta vai a lua dos martírios, de lugares escusos vens me assombrar?

- Eu sou aquele que um dia quando ainda mocinha, em uma noite escura, em um sonho medonho, meu nome soubeste chamar, e ao acordar, ajuda soube a ti prestar.

- Oh, tu então és aquele que do pesadelo me acalentaste, e quando refeita, teu nome a ti perguntei, todavia tu não me respondeste.

- Sim, aquele fui eu, e este, outra vez agora sou. No sonho tu o sabias, todavia.

- Diz-me tu, com que sinal outrora marcastes meu antebraço, e que explicação a meus pais eu não soube dar.

- O sinal com que outrora foste marcada, esse sinal me era de herança.

- Diz-me tu, que a estas horas já idas, de temor me envolve. De quem herdaras tu também esta marca?

- De herança foi-me dada esta marca, a marca da minha casta. Que de tempos já a muito idos, e que contagem já não mais alcança o entender, em uma noite como

aquela que em um sonho, um outro até mim comigo veio ter.

- E de igual sorte comigo veio acontecer...

- Sim, pois da mesma casta teu sangue nobre lhe percorre as veias.

- Diz me então tu, agora, quem és.

- Maximilianus Lupescus, é como tenho sido batizado.

- És romeno, daquela terra nascido?

- Não do ventre materno, mas do gene do sangue original, sou.

- E de que distâncias vens tu a esta paragem eslava?

- Incumbido fui eu através dos instintos imortais, da Escandinávia até aqui estar, e tu em meus braços a origem voltar.

- Como certa posso estar do que falas tu, que da noite pavorosa me chegas e faz tremer minha alma?

- Se treme tua alma por incompreensível razão, é porque da imortalidade convicção ainda não tens. Mortais temem por saber que são mortais, mas tu, minha

amada Waleska, deste medo não mais te acometerás, pois imortal és tu a partir desta noite que já alta vai.

- O temor que sinto, é do que desconheço, senhor, e não mais tão somente da dor...

- Preciosa minha, digo-te agora. Que do desconhecido a ti, conheço eu há muito já. E à dor, bálsamo saberei a teu corpo dar. A alma, essa de nada mais

precisará.

- Encoraja-me agora, tu que desde minha infância, em meus sonhos sempre nas penumbras te via de mim te ocultar.

- Teu alívio, preciosa minha, será teu próprio prazer a te deleitar. Esta será a maior dor que sentirás.



- Oh, vem então. Dá-me desse teu segredo que a mim é de grande enigma. Mostra-me a verdade das tuas palavras,
se é que delas posso eu depois de toda a minha vida duvidar.

- Preciosa és tu para mim, querida Waleska! Tua alva tez me faz os olhos cintilarem sobre esse rubor de tua face que escorre até teus seios e se desfaz em um

róseo vívido. Isso é o que mais nostalgia no futuro me trará.

- Mas tal vivacidade em tuas veias estará, senhor meu. Embora tua face com ela jamais corará.

- Sim, essa é a verdade. Mas enriquecerá o brilho do meu olhar, assim como o teu, toda vez que de igual alma líquida provar.

- Não te tardes tanto, senhor meu amo. Faz o que tua imortal alma, de prazer tanto almeja. Do rubor de minha face que sobe dos meus seios róseos e agora

desnudos, através de minha jugular, vem deles pronto tua sede saciar.

- Ah, teus seios...por eles a última gota de tua alma vou sorver, depois que o rubor de tua face diluir através de tua jugular.

- Ahhh! Assim, senhor meu. Estou sentindo como me falaste. Ahh! Sim...meu medo se desfaz agora em sublime prazer. Sinto fluir a sensação de uma agitação da

minha alma. Retira de mim esta essência mortal e preenche-me com o fluxo imortal que de ti lanças até meu profundo interior. Preenche-me com uma nova alma, a

alma-essência dos teus antepassados, a tua casta. Faz-me dona também desta noite sem fim, da qual me tornarei rainha eterna, e lançarei a todos os homens

mortais que a mim quiserem também de sua essência dar. Então formarei minha própria casta de súditos e povoarei as noites dos mortais com o medo que têm da

própria mortalidade. Sim...ohhh! por favor, não pare, amo meu! Beba agora as últimas gotas que ainda há dentro das câmaras do meu coração, através dos meus

seios desnudos e já sem o róseo vivido que há pouco havia, quando eu ainda era uma simples mortal.

┼ Poesia : Noite ┼


Morcegos e corujas alçam seus vôos, os pombos se refugiam.

A brisa de corpo quente, informe e envolvente roça os caules, as copas das mangueiras.

Meu corpo andarilho levanta o pó da rua.

A luz opalada da lua banha as nuvens esparramadas sobre o manto gasoso, difusando

Seus raios e projetando minha sombra errante sobre o asfalta duro.

Silêncio.

Meus próprios passos me seguem à retaguarda, retardos. Ao longe se ouve o som

Dos escapes automotivos. Cães ladram e se recolhem. Espíritos rodopiam, sussurram e gritam reunidos nos cabos elétricos do cruzamento da eqüina. Almas atropeladas. Me espiam, me seguem, me empurram. Tropeço. São fantasmas; são meus; são camaradas. Alguém parece falar próximo.Não dá para ouvir. De onde vem? Ah! vem de cima; do alto.

São os astros. Estrelas ululantes, planetas mudos, galáxias portentosas, constelações festivas. Ruídos surdos do infinito que vibram os átomos atmosféricos vindos do vácuo frio até os meus cabelos.

Minhas roupas, cúmplices do meu corpo, me abraçam, me protegem, juram fidelidade e subserviência até a cama. Na minha chegada, o quarto escuro, denso, ar ocioso. A luz vem e o denso ocioso foge com a sombra foge da luz. A cama vazia, fria, desperta e me pergunta: onde esteve? Por que demoraste?

Então me aproximo; sento-me ao seu lado e logo deito sobre ela, e ela me abraça, me protege.Nos envolvemos sob o lençol e colamos o rosto – doce amante e confidente. Dormimos. O sol não tarda a dissipar toda essa bela fantasia.

┼ Poesia de um soldado celta ┼


    Anseio pelos ventos árticos para, no calor da luta,
Refrigerar minh’alma;
O murmúrio do Nore a balançar meu sono
E a voz de Ériu a acalentar meus sonhos.
Na escuridão da ravina, os fantasmas dos irmãos mártires
Na lâmina de minha espada, pedir-me a vingança
E sobre a lápide dos meus inimigos cantar:
"Sê Tu minha visão, ó Senhor do meu coração;
 nada me salva, a não ser Tu; de dia e de noite,
Tu és o meu melhor pensamento;
ao levantar e ao deitar, Tua presença é minha luz."

┼ Poesia : Yeshua Adonai ┼


 Quem és tu?
que adentra meu osbcuro mundo e me tocas o espaço do meu coração?;
que de ti fogem a escuridão e as sombras, e lampejos de luz o seguem?
Quem és tu?
que preenche-me o vazio da alma;
aquece e levanta meu corpo frio?
De onde vens?
que arrasta consigo as estrelas pela escura cortina do universo
e povoa todo o infinito des astros cintilantes?
O que tens?
que me faz os olhos fechados te ver
e abala as pedras do meu sepulcro?
Onde vais?
que com sorriso, me toca a mão e me apresenta este átrio da vida?
Quem são esses?
que a ti, cantam "Yeshua Mikisdaskin!" "Yeshua Tsidekenu!" "Yeshua Adonai!"

┼ Poesia : advogado do diabo ┼


Ali, logo – disseram-me ao ouvido.

Apontou-me não sei o quê de luminoso opaco: lá está!

Ah!

O inferno veio pousar à minha frente. Inteiro, completo. E os meus olhos descansaram na imagem de seu dono, seu senhor. Terrível pesadelo!

Senhor de tais recônditos – disse eu – já não mais andas sozinho. Antes trazes agora contigo o teu reino?

E sentado no canto escuro do meu quarto, onde somente sua silhueta era divisada na penumbra da luz lunar, ficou.



- Não há sobre esta superfície corrompida, uma só coisa da qual poderás me surpreender. Antes, eu me repugno com o lado externo das coisas do que o avesso. Demoraste. É tarde para ti.

Falou-me:

- É tudo uma questão de escolha. Tudo!

Pode-se ficar de qualquer lado e terás sempre uma razão.

Ah, A ambigüidade! Coisa divina ou proeminentemente humana?

Sim, advogados. Façam uma estátua e cultuem a ambigüidade. Que seria de vós sem ela?

Essa coisinha pariu uma filhinha...humm...E ela é tão adorada! A humanidade a adotou, é sua afilhada querida.

Que nome a deram?

Hipocrisia chama-se ela. Filha amada!

Mas ouça: antes dela nasceram duas irmãzinhas gêmeas, univitelinas. Mas, ah! Que fatalidade: São tão distintas. Como pôde? Ora, que importa? Todos gostam delas também. Mas uma, querem para si, a outra dão para os outros, mas sempre as querem por perto.

Mas como se chamam?

Verdade e Mentira, são como as chamam

- Ora, ora, mas veja se não é o que dizem, senhor deles. Tu és o pai de uma delas, a quem chamam Mentira. Sua filha amada.



- Há um dito entre os humanos e que é universal. Ora, dizem que pai é quem cria. Se tu a crias, é filha tua, embora tenha nascido de mim.



- Calo-me quanto a isso. Se podes pensar assim. Maldita! Maldita ambigüidade.

Mas, senhor deles, piso-te o cenho feio. Vai, e contigo tua casa. Sobre esse assoalho há terra fria, mas mais ao fundo encontrarás solo quente. Esta superfície que me arrasta, e comigo tudo abaixo do manto gasoso, é minha casa. Não! É por onde vaga meu corpo, que é casa do meu espírito. Sobre esse corpo necessito um telhado para proteger-me corpo e espírito. Mas sobre tu está tudo e todos. Para que necessitas dessa proteção?



- Até as palavras necessitam de abrigo, pois se as tivéssem apenas no ar não lembrarias nem mesmo o teu nome.





Rogério Silva

┼ Poesia : Pedaços de Min no chão ┼


 No espaço onde eu habitava não me encontro mais.
no mesmo lugar está um velho par de sapatos;
roupas num canto, outras na parede penduradas.
na solidão conversam entre si em diálogos silenciosos;
perguntam por mim.
Mas não estou.
há tempos não me vêm, há tempos não saem;
há tempos não me vestem; há tempos não me calçam os pés.
E não sabem onde estou.
É que sou feito do mesmo tecido que são feito os sonhos,
e como não mais tenho sonhos, tampouco tenho vida;
tampouco existo.
mas o que ainda há, são vestígios de mim.
Entre a poeira e o mofo,
o silêncio e a solidão,
pedaços de mim no chão.



┼ Poesia : Amargo de Prazer ┼


Toco-te com os lábios desejosos;

olhos fechados e espírito leve.

Degusto-te com suave requinte 

de prazer imensurável.

Aprecio-te como a linfa soberba

que leva de mim todos os pesares.

Trago-te como sopro divino 

do alívio tardio, mas triunfante.

Deixo-te como vestígio agonizante,

Tentador sedutor 

Do qual se bebe o amor.

Roger Silva

┼ Poesia do Silencio ┼





Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal recônditos alçam vôo até minha mente, a perturbar minh’alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor.

Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?

Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.






┼ TV e cinema ┼


O cinema e a TV deram um bom espaço para a "goth culture" através de filmes, séries etc, como por exemplo, os filmes Nosferatu, filmes da Hammer films, produções de Tim Burton, Drácula, Elvira (Rainha das trevas), A Família Addams (o filme), Entrevista com o vampiro, Jovens Bruxas, Estranho mundo de Jack, etc, ou seriados como Família Addams e Os Monstros nos anos 60. No Brasil, um notável expoente da "goth culture" foi a novela Vamp.

┼ Atualidade Gótica ┼


Nos dias de hoje há góticos fiéis aos anos 80, que dizem que o movimento acabou nos anos 90, e os mais ecléticos que gostam tanto da old school goth como da cena atual.
O que importa é não fazer confusão, no quesito musical a cena evoluiu muito e bandas novas surgem todos os dias com sonoridades ligadas à música gótica consideradas de óptima qualidade. Como tudo, a música gótica passou por inovações, mas há quem diga que o metal gótico é uma delas. O que pode se ver que é uma afirmação indubitavelmente mentirosa, pois pode se perceber que ao longo da história o gótico segue uma vertente rock que nunca se encontrou com o metal.
A música a que se faz referência pode até fazer uso de algum elemento da Subcultura Gótica, mas na verdade é uma apelação comercial, e como se sabe, tudo que é comerciável corre o risco de sumir. Tal qual os beats dos anos 60, a Subcultura Gótica poderia entrar em decadência se estivesse mesmo ligada à tal superficialidade.
Como todos sabem esse tipo de música representa sempre apenas febre, uma moda e se dos anos 80 para cá a cena gótica tem continuando bem viva, ainda que tenha se tornado extremamente Underground (nos anos 80 com a transição do Punk para o New Wave ou Pós-Punk era mais uma miscelânia Pop, como se sabe), seria muito estranho que se rendesse ao que chamamos "exegência de merdado", pois as gravadoras fazem o que acham que o público vai ouvir, ainda que isso custe a liberdade do artista.
E os góticos continuam a adotar uma estética andrógina, teatral e obscura para representar seu verdadeiro sentimento, um apego ao nada, uma falta de esperanças, algo do tipo "cansei, sabe?", não uma depressão ou melancolia, apenas um descaso, um luto pela situação da humanidade, ouvir suas músicas com temáticas hedonistas, decadentistas, niilistas, ligadas sempre às suas raízes já citadas e dançar em casas nocturnas ao som de EBM, Synth e Darkwave. Ou então quietinhos em casa ouvindo bandas como Bauhaus, Joy Division, Specimen, The Cure, Siouxsie and the Banshees, Clan of Xymox, The Frozen Autumn e lêem algo de Jean-Paul Sartre, Nietzsche, Oscar Wilde, William Blake, Baudelaire e coisas mais comerciais como Anne Rice. Acima de tudo, convém lembrar que, para a grande maioria dos integrantes, o movimento gótico é fundamentalmente um gosto musical e uma maneira específica de se vestir. Não há envolvimentos intelectuais e filósofos mais aprofundados. E essa subcultura não têm nada a ver com beber sangue de seus amigos. góticos não são depressivos, não se referem à subcultura como Goticismo, não usam somente preto e se frequentam cemitérios é pela temática do mistério de morte e vida, pelo apreço pela arte também. Mais realistas do que se pensa, ser gótico hoje em dia representa também repugnar todo o estereotipo negativo criado em torno de sua figura. E com todo o seu sarcasmo, rir e continuar a dançar.

┼ Um resumo dos beats dos anos 40 aos góticos dos anos 80 ┼



As verdadeiras raízes da subcultura gótica podem ser achadas inicialmente nos anos 40\50 na cultura beat.
Os beats eram pessoas com gosto pelo que outrora fora conhecido como cabaré (na época dos grandes artistas e pensadores franceses), ou seja, ambientes boêmios, onde conversavam, bebiam, fumavam, apreciavam saraus e ouviam boa música (jazz underground e posteriormente rock). Tudo excessivamente. Tanto que os óculos escuros foram adotados ao estereótipo Beat, junto com as roupas predominantemente escuras e boina preta, por causa da fumaça.
Os cabelos eram compridos (porém mais curtos que os dos Hippies) e e eram comuns um tipo de cavanhaque bem aparado em linha ao longo do queixo. Nos Estados Unidos o movimento se tornou menos "intelectualizado", e mais junkie e desleixado. O primeiro uso do termo "Beat" ou "Beat generation" teria sido feito por Jack Kerouac no final dos anos 1940. Mas o termo só se popularizaria nos anos 50. Passou também a ser um movimento pop e "comercializável" de 57 a 61. Mas suas origens remontam ao underground dos cafés parisienses do pós-guerra. Daí vem o termo "estudante de arte existencialista e parisience" para a postura Beat.
O Termo "Beatnik" foi cunhado pela imprensa, misturando Beat a Sputnik ( primeiro satélite russo no espaço sideral ). Os Beatniks nos 60's eram mais apolíticos ( e/ou pacifistas ), existencialistas, cool, sua poesia e música contemplava tanto o lado obscuro quanto hedonista e urbano da boêmia. Porém o que era um movimento underground acabou em decadência com sua comercialização. Da diluição desse movimento surgiram talvez outros dois, o hippie e o punk]beat, ou glam punk.
Os Hippies formaram movimento politizado, expressivo (not cool), de visual colorido e cabelos muito longos. A parte do Beat que permaneceu no Hippie foi a religiosidade alternativa, muitas vezes orientalista, o "alternativismo", e alguns estilos musicais. Isso é bem o estilo de artistas que conhecemos muito bem, como Jimi Hendrix, porém não fazia a cara de outros como Iggy Pop. Uma parte dos Beats, claro, não se tornou Hippie, por discordar de suas tendências, e seguiu outros caminhos.
Logo, surge esse outro lado da ramificação temos a explosão do Glam e Glam punk. Com temáticas e abordagens mais profundas, líricas e adultas. Podemos então citar o Velvet Underground em Nova Iorque, os Stooges em Detroit e o The Doors em Los Angeles. O Velvet Underground glamouriza o decadentismo urbano, sem esperanças e floreios, para cena pop. Em 1970, surge em Nova Iorque o grupo New York Dolls com um rock crú e simples, em performances bombásticas travestidos de mulheres. "Ora, se as mulheres conquistaram o direito de se vestirem como homens, por que não?”
A temática chamou a atenção de David Bowie que a levou para o outro lado do atlântico. Junto a Marc Bolan do T-Rex, e o Roxy Music de Brian Eno e Bryan Ferry, Bowie se tornou referência mundial do Glam rock. A abordagem do Glam Rock era basicamente o esteticismo e dandismo de Oscar Wilde e Baudelaire atualizado para os anos 70. A decadência do homem e da sociedade urbana e suas perversões hedonistas, a artificialidade, o pré-moldado, o poserismo, enfim decadence avec elegance (decadência com elegância). Dizer que Glam rock é apenas cores e purpurina é tão superficial quanto dizer que o Gótico é se vestir de preto.
A temática do Glam trazia através de músicas brilhantes (tanto em letra como melodia) a melancolia da condição humana e de temas soturnos, basta ver suas traduções. Mesmo esteticamente o Glam preservava um lado noir (sombrio). Algumas bandas como Bauhaus e Specimen, que deram origem a música gótica, não se diferenciam em quase nada das bandas incluídas no glam rock quanto à sua sonoridade. A atitude do Glam de androgínia era mais do que Rockers durões, Mods (uma variante dos beats cuja diluição daria origem aos skinheads do lado mais durão e na evolução continua a transição para o Glam rock) e os Hippies conservadores estavam preparados. Era uma inversão. Além do mais naquela época nem se via mais o que fazer em termos de psicodelia, foi quando o Glam chegou e virou a cabeça de adolescentes que queriam também se vestir iguais aos seus ídolos. E a influência beat permanecia viva através do Glam.
Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, conceitos e estéticas Beats permaneceram ao longo do Glam e dos anos 70. O rótulo "Punk" foi dado ao movimento rock que tinha, em resposta ao rock progressivo, músicas simples em execução, mas com temas sociais importantes. Bandas experimentais, contra a música comercial das grandes gravadoras, uma geração crítica em relação à arte e consumo de sua época, interessada em questões existenciais foram consideradas Punks antes de 77. Exemplos: Talking Heads e o Patty Smith Group. Mas em 78 o termo caía em decadência já era considerado um clichê gasto e distorcido pelo sucesso de 77. O diretor da gravadora Sire Records, Seymour Stein, considerou que estas bandas tinham o mesmo feeling dos filmes do movimento cinematográfica francês de características Noir (obscura) e contra-culturais chamado "Nouvelle Vague" (New Wave, em Inglês, Neue Welle, em alemão).
Assim New wave e Pós-punk (Póstumo ao punk) seriam os termos usados para classificar estas bandas originalmente chamadas de punk antes que o termo "punk" atingisse o fim de seu auge. Simultanamente algumas destas bandas são afiliadas a sub-cultura Gótica. Na verdade com o tempo, o termo New Wave passou a ser ulizado para as bandas mais pops e Pós-Punk, para as mais underground. Ainda então, bandas da sub-cultura Gótica eram classificadas de ambas as formas. Mas posteriormente deixou-se o new wave para bandas com um visual mais colorido e para as bandas que adotaram um tendência mais sombrias acabou-se por usar o termo pejorativo gótico, que acabou pegando.
Toda a Estética Gotica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo, etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existencialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rock, cool, jazz-rock, psicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais pós punk, outra mais new wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa também convencionou-se tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave.

┼ Religião e simbolismo ┼

O gótico/darkwave é uma subcultura laica[carece de fontes], ou seja, não é integrada à qualquer religião. Alguns pensam que os góticos estão diretamente ligados à Wicca ou Satanismo, invariavelmente. Cada membro é livre para a escolha de crenças em qualquer tipo de deus, porém, no gótico não se encontram pessoas dispostas a seguir religião que implique no apego a qualquer tipo de dogmas, principalmente os religiosos, regras onde se propõe o que deve vestir, ler, crer ou fazer[carece de fontes].

Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Crucio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo.

┼ O uso do termo "gótico" na História ┼


Desde a década de 90 a subcultura começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos frequentes como o de que o termo gótico sempre esteve ligado através da história e, portanto os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos visigodos, godos, ostrogodos, entre outros.
Que esses mesmo teriam iniciado o estilo arquitectónico de construções sacras e também a literatura, quando na verdade as catedrais góticas só começaram a ser construídas no século XI e nem sequer se recebiam esse nome na época em que foram instauradas como arte sacra, pois expressavam a ideologia e estética da igreja católica na época.
Os renascentistas e iluministas, que se opunham à ideologia católica da época medieval, as chamaram, pejorativamente, “Góticas” muito depois, justamente como critica. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum"(arte francesa). Quanto aos bárbaros "Godos", que invadiram o império romano, foi um acontecimento dado por volta do século V, logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórica cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa.
Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado gótico e outro chamado romantismo (Século XVIII para XIX) já haviam se passados mais outros tantos séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico, misterioso, para criticar aqueles que tinham criticado o fim da Idade Média. O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética “legal”. Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à subcultura e mostrar que até esse ponto os góticos da cultura iniciada na década de 80 não são descendentes dos Góticos dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer eles mesmos tiveram alguma ligação através de suas épocas. A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim intitulados está nas músicas e na estética de forma indirecta. Pra começar, a subcultura gótica não possui literatura própria, mas existem vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Romance Gótico (Walpole, Mary Shelley, etc), Romantismo (William Blake, Lord Byron, Edgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Baudelaire, T.S. Elliot, Rimbaud, Oscar Wilde, etc) o romance Existencialista (Camus, Sartre, etc), Literatura Beat (Ginsberg, William Burroughs), entre outros.
Dessa forma, essa subcultura fez releituras ou sátiras da Literatura Gótica. Essa literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram a cultura estética dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo.
Na literatura brasileira, os autores mais respeitados por integrantes do movimento gótico são: Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães. Dentro da literatura portuguesa os autores mais respeitados são Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Lima de Freitas, Camilo Pessanha, Florbela Espanca, David Soares, Mário de Sá Carneiro entre outros.

┼ O termo gótico na subcultura ┼


O termo gótico (do alemão: goth ou inglês gothic) foi usado através dos séculos sob vários significados, às vezes sem ligação alguma. Em algum momento histórico ele pode ter designado certo povo bárbaro que veio a invadir o império romano, mas não devemos nos apegar a isso para não confundir o leitor, pois com o passar do tempo, o termo ganhou significados diferentes. A palavra agrega sentidos que lembram: vitoriano, medieval, onírico, sombrio, assustador, fantasmagórico, macabro, amedrontador, etc.
O uso do termo 'gótico', desvinculado de seu significado original, surgiu quase que ironicamente, no início da década de 80. A mídia de massa ao entrevistar integrantes das diversas bandas relacionadas à subcultura que começava a surgir, como seria classificada a atmosfera de suas músicas, por vezes recebia respostas semelhantes a: 'de temática sombria e soturna, 'gótica. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários outros países (incluindo o Brasil) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para denominar a subcultura.

┼ Subcultura Gótica ┼


Foi taxada do "movimento cultural" devido ao princípio de que tal visão e comportamento são um protesto acerca da ambientação dada na época em que se iniciou, isto é, uma alienação que afirmava uma evolução e liberdade que, em verdade, eram insuficientes (ou até inverossímeis), e contra a qual a descrença deveria ser usada como denúncia. Apesar de simplista, esta explicação define o pensamento ideal da maioria dos que afirmam pertencer a este grupo. De qualquer modo, o mundo não parece ter mudado muito, e a subcultura continuou a evoluir cada vez mais podendo basear-se ainda nesse formato.
Mas quanto ao fato de seus integrantes usarem o termo subcultura, ao invés de cultura, para designá-lo, é dada a explicação de que esse estilo é uma invenção (não também uma reinvenção), não uma renovação, ou seja, ele se criou firmado em várias raízes paralelas e não visa renovar a cultura de massa, nem, tampouco, se opor a esta (isso seria ainda uma contracultura, não uma renovação). Sendo assim, o estilo gótico do qual estamos falando pode ser tomado como algo anexo do que todos pensam, já que não é uma evolução da cultura original, nem mesmo evolução de qualquer coisa outrora nomeada sobre o mesmo termo.

┼ Conheça um Pouco Mais do Sombrio Mundo : Gótico . ┼

A subcultura gótica (chamada de Dark no início dos anos oitenta apenas no Brasil) é uma subcultura contemporânea presente em muitos países. Teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk. A subcultura gótica abrange um estilo de vida, estando a ela associados, principalmente, gostos musicais dos anos 80 até o presente (darkwave/gothic rock, death rock, trip hop, ebm, synthpop, indie, industrial, etc.), estética (visual, "moda", vestuário, etc) com maquilhagem e penteados alternativos (cabelos coloridos, desfiados, desarrumados) e uma certa "bagagem" filosófica. A música se volta para temas que glamorizam a decadência, o niilismo, o hedonismo e o lado sombrio. A estética sombria traduz-se em vários estilos de vestuário, desde death rock, punk, andrógino, renascentista e vitoriano, ou combinações dos anteriores, essencialmente baseados no negro, muitas vezes com adições coloridas e cheias de acessórios baseadas em filmes futuristas no caso dos cyber goths.