quinta-feira, 27 de agosto de 2009

┼ Poesia : Waleska Arminova ┼


Oh, waleska, tu que ainda dormes o sono dos inocentes, desperta-te, pois já é chegada a hora nona, e tu comigo deverás hoje partir.
A lua rubra no horizonte já de toda se mostra a essa noite escura e solitária. Essa noite que, a partir de hoje, nos será eterna; nela viveremos sempre

juntos; esta noite que agora começa, será nossa casa; será nosso eterno lar.
Esta é a noite dos nossos antepassados, oh, minha doce Waleska. Tu hoje os conhecerás. Tu hoje estarás entre nós, e serás a minha querida debutante nas

festividades de iniciação. Aah, Waleska, tu ordenarás teu próprio poder sedutor. Tu serás desejada pelos homens e amaldiçoada por suas viúvas...
Acorda deste teu sono passageiro e vem comigo viver um sonho de eterno viver. Vem ser rainha entre imortais e deusa entre os mortais.

- Quem és tu que a esta hora, quando já alta vai a lua dos martírios, de lugares escusos vens me assombrar?

- Eu sou aquele que um dia quando ainda mocinha, em uma noite escura, em um sonho medonho, meu nome soubeste chamar, e ao acordar, ajuda soube a ti prestar.

- Oh, tu então és aquele que do pesadelo me acalentaste, e quando refeita, teu nome a ti perguntei, todavia tu não me respondeste.

- Sim, aquele fui eu, e este, outra vez agora sou. No sonho tu o sabias, todavia.

- Diz-me tu, com que sinal outrora marcastes meu antebraço, e que explicação a meus pais eu não soube dar.

- O sinal com que outrora foste marcada, esse sinal me era de herança.

- Diz-me tu, que a estas horas já idas, de temor me envolve. De quem herdaras tu também esta marca?

- De herança foi-me dada esta marca, a marca da minha casta. Que de tempos já a muito idos, e que contagem já não mais alcança o entender, em uma noite como

aquela que em um sonho, um outro até mim comigo veio ter.

- E de igual sorte comigo veio acontecer...

- Sim, pois da mesma casta teu sangue nobre lhe percorre as veias.

- Diz me então tu, agora, quem és.

- Maximilianus Lupescus, é como tenho sido batizado.

- És romeno, daquela terra nascido?

- Não do ventre materno, mas do gene do sangue original, sou.

- E de que distâncias vens tu a esta paragem eslava?

- Incumbido fui eu através dos instintos imortais, da Escandinávia até aqui estar, e tu em meus braços a origem voltar.

- Como certa posso estar do que falas tu, que da noite pavorosa me chegas e faz tremer minha alma?

- Se treme tua alma por incompreensível razão, é porque da imortalidade convicção ainda não tens. Mortais temem por saber que são mortais, mas tu, minha

amada Waleska, deste medo não mais te acometerás, pois imortal és tu a partir desta noite que já alta vai.

- O temor que sinto, é do que desconheço, senhor, e não mais tão somente da dor...

- Preciosa minha, digo-te agora. Que do desconhecido a ti, conheço eu há muito já. E à dor, bálsamo saberei a teu corpo dar. A alma, essa de nada mais

precisará.

- Encoraja-me agora, tu que desde minha infância, em meus sonhos sempre nas penumbras te via de mim te ocultar.

- Teu alívio, preciosa minha, será teu próprio prazer a te deleitar. Esta será a maior dor que sentirás.



- Oh, vem então. Dá-me desse teu segredo que a mim é de grande enigma. Mostra-me a verdade das tuas palavras,
se é que delas posso eu depois de toda a minha vida duvidar.

- Preciosa és tu para mim, querida Waleska! Tua alva tez me faz os olhos cintilarem sobre esse rubor de tua face que escorre até teus seios e se desfaz em um

róseo vívido. Isso é o que mais nostalgia no futuro me trará.

- Mas tal vivacidade em tuas veias estará, senhor meu. Embora tua face com ela jamais corará.

- Sim, essa é a verdade. Mas enriquecerá o brilho do meu olhar, assim como o teu, toda vez que de igual alma líquida provar.

- Não te tardes tanto, senhor meu amo. Faz o que tua imortal alma, de prazer tanto almeja. Do rubor de minha face que sobe dos meus seios róseos e agora

desnudos, através de minha jugular, vem deles pronto tua sede saciar.

- Ah, teus seios...por eles a última gota de tua alma vou sorver, depois que o rubor de tua face diluir através de tua jugular.

- Ahhh! Assim, senhor meu. Estou sentindo como me falaste. Ahh! Sim...meu medo se desfaz agora em sublime prazer. Sinto fluir a sensação de uma agitação da

minha alma. Retira de mim esta essência mortal e preenche-me com o fluxo imortal que de ti lanças até meu profundo interior. Preenche-me com uma nova alma, a

alma-essência dos teus antepassados, a tua casta. Faz-me dona também desta noite sem fim, da qual me tornarei rainha eterna, e lançarei a todos os homens

mortais que a mim quiserem também de sua essência dar. Então formarei minha própria casta de súditos e povoarei as noites dos mortais com o medo que têm da

própria mortalidade. Sim...ohhh! por favor, não pare, amo meu! Beba agora as últimas gotas que ainda há dentro das câmaras do meu coração, através dos meus

seios desnudos e já sem o róseo vivido que há pouco havia, quando eu ainda era uma simples mortal.

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